Estamos há pouco mais de dois meses do lançamento de Forza Horizon 3, jogo que perdeu 80% dos jogadores em dois meses, portanto preparem-se, fica difícil escapar das críticas nessa altura do campeonato. Os fãs da série podem querer ignorar esse valor, mas não
deixa de ser um fato. Feito essa introdução, vamos lá.
Nunca joguei nenhum jogo da série Horizon de Forza pelo
simples motivo de nunca ter tido um console. Fui para Forza Horizon 3 com a
cabeça focado de quem veio do mundo de Test Drive Unlimited e estava carente de
um jogo mundo aberto depois famigerado The Crew para PC. Olhando para trás agora, The
Crew nem parece tão ruim assim.
História
O plano de fundo para Forza Horizon 3 é o festival Horizon, você a cara
máster foda maior piloto de todos que está em estaque em sua organização e
divulgação. Sua meta principal é adquirir fãs para aumentar a popularidade do evento. E só. O resto é focado nos carros.
Simples e direto, sem nenhuma fuleiragem extra na história.
Positivamente há uma infinidade, realmente uma infinidade
de veículos e que ainda podem ser tunados, algo que realmente queríamos para o PC, e na verdade até para os consoles de modo geral, um desejo que Need for Speed não cumpriu. Associado a isso a jogabilidade é uma espécie de sim-arcade com muita configuração agradando desde os casuais aos mais exigentes. Nesse ponto Forza Horizon é um
espetáculo, fica devendo um pouco por ignorar configurações básicas no volante, mas afinal, não é um simulador. Agora diversidade de carros e tunagem não é o suficiente para nos
prender, certo?
Mapa pequeno
No primeiro dia que joguei FH3 a primeira crítica que
pensei mentalmente foi no tamanho do mapa. Em um dia havia dado uma volta
completa no mapa e conhecido todos os cenários. E a missão nem foi impossível, afinal, a corrida Golias que
se tornou um a febre por dar muito dinheiro, faz uma volta completa no mapa em
menos de 10 minutos dependendo da classe de veículo. Bem longe das 2 horas de
The Crew ou dos 50 minutos de Test Drive Unlimited 2 pelo Hawai.
A diversidade do mapa é ofuscada pelo seu tamanho. O
deserto onde fica o aeroporto termina em questão de segundos, a área dos lagos
rosados praticamente não é explorada, a área de floresta tem pouca variação, e
cidade mesmo.. bem.. pouca coisa por lá. Quantos tipos de terreno citei? Floresta,
Deserto e Cidade? Em um cenário pequeno, talvez foi o principal motivo do jogo
ter perdido 80% dos seus jogadores após 30 dias de lançamento.
Muita coisa para fazer e ao mesmo tempo nada
Sabe quando o excesso de coisas para se fazer passa a ser
um problema? É exatamente disso que o Forza Horizon 3 sofre. Afinal de contas,
qual o problema de abrir 5 corridas, e você ir progredindo nelas para somente
então abrir outras? Mas não, dependendo do seu desempenho, em pouco tempo você
acumula fãs para ampliar os festivais, a cada ampliação, lá vem mais um monte
de corrida pintando no mapa. Os jogadores mais desatentos acabam desbloqueando
rapidamente todas as corridas já que o jogo te induz obrigatoriamente a ir em
um local de festival para ver sua expansão. O resultado, já sabe né? Um mapa
lotado de corridas. Pinta a sensação de não saber qual fazer primeiro.
Qual o estímulo para trocar sua classe de veículo?
Caso você comece com um carro X, é capaz de terminar o
jogo todo simplesmente com esse carro. Claro, dependendo da dificuldade na qual
colocou os drivatars você terá que realizar upgrades ou até comprar outros
veículos, mas de modo geral, quando você entra em um evento, o jogo sincroniza
oponentes com carros da mesma classe. Não te obriga a utilizar carros
diferentes. De novo, é o jogo deixando de explorar a infinidade de veículos que
proporciona caso o jogador esteja em um primeiro momento interessado em fazer o
modo “single player” ou “história”.
Péssimo desempenho no PC
E olha que o jogo lançou em setembro, estamos em
dezembro, e as correções de desempenho foram bem poucas. Aparentemente a Turn10
está com dificuldades em otimizar o jogo para multi-nucleos no PC, como
resultado, pessoas com um processador mais antigo sofrem por subaproveitamento
de sua máquina. E ainda lançam uma season pass de R$ 132 reais... E não ficou
feliz ainda? Pode piorar, você precisa ter a sorte após reza brava para que a
Windows Store faça o download pela primeira vez sem precisar, após 49Gb de download,
recomeçar do zero. Há, e se você fez a pré-compra no PC, ainda ficou alguns
dias sem o VIP que tão mais caro pagou.
Drivatars são um pé no saco!
Vamos dar um mérito, a possibilidade de ver o nome de seus
amigos rodando em drivatars pelo mapa é bem legal, assim como a oportunidade de
através de uma simples buzinada poder fazer um comboio. Mas a graça termina ai.
Alguns desafios como radares ou salvos, ou mesmo um misero free-ride pelo mapa
por vezes se tornam insuportáveis com esses drivatars andando na contra-mão,
cortando faixas, batendo em você. Pelo menos há o modo aventura livre onde você
pode se livrar deles.
Blizzard Mountain
Enquanto que o jogo base é um mar de coisas para fazer
sem estímulo algum, a expansão Blizzard Mountain (Montanha Nevada) ai sim se
torna um show a parte. Talvez eu esteja escrevendo no impulso já que a expansão
lançou essa semana, mas para um jogo que tem três cenários apenas com um mapa
extremamente pequeno, ver um local diferente com neve e novas oportunidades de
acrobacias e principalmente uma jogabilidade diferenciada pela neve com
necessidade de sua atenção aos pequenos ajustes do carro para evitar derrapar
no gelo, dá uma sobrevida extra ao jogo. Por sinal foi o que me atraiu
novamente para o game.
Claro que a Blizzard Mountain sofre dos mesmos problemas
citados anteriormente: novamente as corridas vão dropando na sua tela sem dar a
oportunidade de seguir uma ordem lógica de “história” ou “desempenho
progressivo” para o jogador, e novamente tanto faz usar um carro ou vários.
Alias, em fórum recente li uma pessoa dizendo que as corridas foram extremamente
fáceis. Porém ele não se atentou que fez todas as corridas com um Subaru
velocidade máxima baixa, sem ter o desafio da velocidade, afinal, novamente, o
jogo não te obriga a usar diferentes carros.
Preço e DLCs, está de brincadeira né Microsoft?
O crossplay e a possibilidade de continuar jogando no
Xbox One ou no PC ou vice versa teve um preço bem alto. A versão Ultimate Edition
veio por R$ 317 reais no computador (lembrando que The Witcher 3: Wild Hunt foi
vendido no pré-lançamento por R$ 84 reais para quem já tinha os anteriores) é um
valor bem salgado para um jogo no PC, que não paga os mesmos impostos que um
console. E se você achou barato, mesmo nos Estados Unidos essa versão significa
U$ 99,99 dólares!
E quer mais? O Season Pass que traz a Blizzard Mountain e outra
coisa que nem temos ideia do que será custa apenas R$ 132 reais (ou pouco mais
de R$ 95 para quem tem a versão Ultimate Edition) o que por si só já é o valor
de muito lançamento porai (vide South Park a Fenda que Abunda Força). Pelo
visto meter a faca no PC será a nova modalidade da Microsoft.
Resumindo
Centenas de carros, opções de tunagem variadas e milhares de corridas, sem nada
para fazer em um para tão pequeno que tira a graça de um passeio livre. Muita coisa no mapa que mais atrapalha do que ajuda. Cenário
extremamente pequeno que acaba se tornando chato com o tempo e fez 80% dos
jogadores deixarem de lado após 30 dias de lançamento. Do resto é um bom jogo.
Mas com tantos defeitos, longe do valor cobrado. E olha que para um jogo fazer
The Crew valer a pena... bem, deu para entender.
Forza Horizon 3
Jogabilidade – 9,5 – Um sim-arcade com muita opção de
tunagem e ajuste de direção. Mas, e o carinho nas configurações do volante?
Gráficos – 10 – Certamente um dos jogos de corrida mais
belos já feitos!
Diversão – 6,5 – Repetitivo, pouca variação de cenário,
enjoa rápido.
Música – 7,5 – A balada é boa, mas cadê o rock? Sons do
carro se repetem.
Geral – 7 – Um jogo que fazia falta e continua fazendo no
PC, preço absurdo, microtransações.